31 março 2010

Um feliz Coelinho da Páscoa pra você!

Continuando a linha de pensamentos de ontem, venho narrar mais um fato ocorrido nas salas de aula da UFRGS.
Hoje, ao fim da aula, uma das minhas professoras disse um "Feliz Coelinho pra todos vocês!". Achei genial!!! Provocou graça, mas foi uma ótima ideia. Eu gostei. E passo adiante.
Raras pessoas dizem "Feliz Páscoa" no intuito de desejar uma boa vivência de Páscoa, boas celebrações, boas reflexões sobre essa data; na verdade o que elas querem dizer é uma boa troca de presentes, boa viagem, bom feriado, bom poder-não-ir-ao-trabalho-na-Sexta-feira-Santa.
É triste pensar nisso... Tenho certeza que muitas pessoas desejam aos outros "Feliz Páscoa" mas nem passa em suas cabeças o que se celebra nessa data.
A prova que é possível ter-se uma vida sem pecado, uma vida só de amor? A grandiosidade do Deus que mandou seu Filho à terra, e Este teve morte de cruz? A ressureição do Cristo? Não, muitos não lembram disso.
Peça a uma criança o que acontece na Páscoa. Certamente muitas vão dizer "eu ganho presente do Coelinho!". Admissível, isso ocorre por falta de conhecimento ou é a opção de vida dos pais.
Mas ficar mandando recados com "Feliz Páscoa" é como dizer "eu te amo" pra alguém sem amar. Exagerei? Eu não acho!
Tornou-se uma frase sem essência, uma saudação que perdeu seu genesial sentido.
Então, pra quem não vive a Páscoa, que tal trocar o "Feliz Páscoa" por um "Bom Coelinho!"? Eu propago a ideia!

30 março 2010

Professores ateus

Abalada pela enésima vez em que, durante uma aula, um dos meus professores fala da igreja católica ou de seus ritos com ironia, aqui venho fazer algumas reflexões.
Sobre a escolha religiosa: da mesma forma em que pessoas optam por não seguir a Cristo, há quem opte por ser cristão. Da mesma forma em que eu, cristã, respeito as diferentes escolhas, por que os ateus não podem, não TENTAM, respeitar?
Eu, que nem, sequer tenho completa a minha graduação, sou civilizada e sei respeitar as diferentes opções de vida. É lamentável que tantos, inclusive mestres e doutores, não o saibam fazer. Mas... Convenhamos: para se ter respeito não é preciso ter um estudo. É simplesmente lamentável a posição de certas pessoas que poderiam usar da sua profissão para propagar respeito se comportem tão negativo-humanamente.
Pense: não se dirigem palavras irônicas a homossexuais, negros, e tantos outros grupos que são alvos de discriminação, e, se isso ocorre, logo se tenta apaziguar, desdizer. Por que isso não acontece quando o assunto é religião?
Pense: e se no mundo atual ocorresse o contrário, se fossem os cristãos a maioria esmagadora de peito e nariz erguido que ficasse agulhando os ateus a todo tempo? Ia ser legal para os ateus? Eles iam gostar de tanta perseguição verbal, tanta crítica e ironia, tanto sarcasmo e deboche?
Pense: tu não te incomodas quando alguém fala mal do teu pai(mãe), esposo(a), namorado(a), filho(a)? Se não te incomodas, parabéns, és mesmo uma pessoa muito paciente (ou idiota). Não é isso que acontece comigo e, certamente, com muitos outros cristãos. Quando nossa fé é banalizada e vulgarizada, é nosso Amor que também o está sendo. Ironizar o Cristo, a fé ou os ritos que sigo é ironizar meu pai ou qualquer outra pessoa que amo. A diferença é que quando alguém que amo é alvo de palavras ofensivas, eu reluto, defendo. Mas quando é com religião, eu calo...
Agora, minha vez de pensar: por que calar-se?
Porque sei que iniciar-se-ia uma discussão polêmica (e não admito ocupar o tempo de aula com isso). Porque ainda não tenho argumentos suficientes, sou aprendiz, e não admito falar de algo com incertezas, falar de algo que não conheço o suficiente. Porque ainda não tenho forças para dar minha cara a tapas, porque sou fraca.
Agora, alguém me responde: por que tanta perseguição? Por que tanta ironia?
O ser humano não tem a capacidade de compreender que, da mesma forma que ele opta por algo, há pessoas que optam por algo diferente? O ser humano não tem capacidade de entender que o que ele faz ao outro poderia estar sendo feito a ele?
Sim, ele é capaz!
Então, me questiono: onde está a humanidade desse ser?
E me questiono também: as pessoas agem assim porque não percebem que o fazem, não percebem que estão cometendo um desrespeito, uma discriminação? Porque simplesmente as palavras ofensivas saem da boca pra fora, sem uma reflexão anterior? Ou elas percebem e mesmo assim o fazem? Ou elas fazem de propósito para provocar?
Elas têm alguma razão concreta para fazer isso? Elas estão trazendo algum benefício para a sociedade? E quando isso acontece em sala de aula, elas percebem que se distanciam do foco a ser ensinado para agulhar sentimentos pessoais?

06 março 2010

Devaneios sobre dar elogios

Estava Jonas, meu amigo, e eu. No meio daquele pessoal não muito amigável, havia um que era muito atencioso e prestativo. E sorridente, e querido. Comentei com Jonas algo do tipo: 'nós poderíamos ir lá e dizer pro cara que a gente gosta dele, que ele desempenha bem o seu trabalho'. Aí me lembrei de quando despertei para essa parada de elogiar.
Minha mãe sempre dizia que, quando se fala em crítica destrutiva, é bem fácil jogar na cara - ou falar pelas costas, sendo ainda pior o ato. Mas, quando é um elogio, as pessoas ficam quietas. (Muitos fogem a essa regra, mas eu fui uma daquelas que não tinha coragem para chegar à pessoa e dizer as palavras sinceras e de incentivo).
Na primeira vez, foi com uma professora da UFRGS. Ela foi excelente em sua docência, eu não queria deixar aquilo passar em branco. Mas, no meio de tanta timidez, fiquei receosa... Até lembrar das palavras sábias de minha mãe! Tomei coragem e fui lá: "Professora, só quis vim aqui pra te prestigiar! Teu trabalho foi ótimo (...)". A mulher ficou emocionada. Bem, confesso que esperei o semestre terminar com o medo de que ela interpretasse aquilo como puxa-saquismo. Viu só? Mesmo estando disposta à ação, fiquei imaginando reações ruins.
E por que essa insegurança toda? Porque as pessoas (eu, no caso) não estão acostumadas a falar o bem! E, se falam, talvez não seja frente a frente da pessoa, não nutrindo nossos "genes da coragem"... Às vezes, palavras de elogio são motivação para seguir no caminho, e falá-las pessoalmente trazem bem-estar e muita alegria a quem ouve.
E você? Costuma dar elogios? Elogia só quando a pessoa está ausente? Ou, então, é daqueles que nunca fazem um elogio?

02 março 2010

Texto literário: Quanto vale a vida?

Marília. 17 anos. Namorando um cara de 25 - loiro, belo, gato. Eu, inexperiente. Ele, já havia namorado.
Foi nossa primeira noite de intimidade. Com apenas duas semanas de "namoro", ele me convidou pra ir na sua casa, seus pais não estariam. Inventei uma desculpa qualquer para os meus e lá fui.
Beijinhos, abraços. Música - música espanhola!, ele sabe como me agradar. O clima ficou quente, fomos nos despindo e... rolou.
Ele riu três vezes devido ao meu mau jeito - devia ter pensado que eu fosse expert naquilo. Fiquei costrangida, senti-me humilhada. Ao fim, ele tirou a camisinha, olhou, e disse tem algo aqui, acho que é teu. Tu toma uma pílula do dia seguinte amanhã? Tomo sim, ingenuamente disse eu.
Fui pra casa a pé, noite escura. Cidade pequena, poucas quadras, pouco perigo. Mas podia ter me acompanhado!, falei sozinha. Mal dormi. Não via a hora de amanhecer pra eu ir numa farmácia comprar aquele "medicamento".
Amanheceu. Era domingo. Peregrinei pela cidade procurando uma farmácia em plantão. Ao encontrar, o constrangimento: eu nunca havia passado por tal situação. Meia sem jeito, pedi ao farmacêutico uma pílula do dia seguinte. Ele me olhou, talvez preocupado, talvez se preparando pra sair fazendo fofocas a meu respeito, perguntou se minha mãe sabia daquilo. Disse que não. Ele balançou a cabeça, desaprovando.
Comprei. R$28,00. Tomei.
Passaram alguns dias. O meu "namorado" não me procurou mais. Não ligou, não foi até minha escola no fim da aula... Nos cruzamos uma vez no supermercado. Fiquei aflita. Será que ele vai ao menos falar comigo? Ele simplesmente deu um "oi", um beijinho murcho em minha bochecha, disse que tinha pressa e precisava ir. Não perguntou se tomei aquela coisa, não ofereceu 1 real sequer para me ajudar a pagar aquilo. Ah, mas também, nem precisava, neh?! Eu fiz a coisa sozinha, não teve um homem do meu lado, eu que arcasse com o preço! Ironia!!
Uns dias depois, um amigo nosso veio me dizer que o meu "namorado" queria falar comigo. Fiquei aborrecida, por que ele já não veio? Meu amigo perguntou se eu poderia encontrar meu "namorado" naquela noite. Sim, posso, mas é o fim! Ele não tem mais a capacidade de falar comigo pra marcar isso?
À noite, fui ao barzinho combinado. Ele esava lá, na mesa de costume. Nosso amigo intermediário-de-marcação-de-encontro estava há umas 3 mesas distantes. Pra quê?, pensei. Vai ver que é pra apartar a briga, ironizei em meus miolos.
Oi. Oi, Marília, vamos conversar? Sim, vamos - não, vim aqui pra ficar só te olhando, pensei irritadamente.
Ele disse que me considerava muito amiga, muito isso, muito aquilo. Mas pra namoro, não. Claro, tu não quer uma ingênua inexperiente na tua cama, seu filho da p*, pensei. Eu disse um tudo bem, concordo, de minha parte também... blá blá blá.
Aí ele começou a falar de música, uma mania já tradicional pra desviar de assunto.

O tempo passou. Passei a evitá-lo. Eu não queria mais sentir aquela revolta que aflorava cada vez que eu o via. Ele riu de mim...
O tempo passou, enchi minha cabeça com outros pensamentos, tinha que me matar estudando pro vestibular.
Certa feita, minha família recebeu a visita de um primo meu que há muitos anos não víamos. Meus pais precisaram dar uma mãozinha pro nosso vizinho que havia se enroscado nos fios do cortador de grama, fiquei a sós com meu primo. Ele, preocupado e fraterno, quis saber da minha vida afetiva. Falei que não estava namorando. Ele começou a dizer que, quando eu namorasse, eu deveria tomar cuidado com o quesito sexo. Ele é ginecologista. E cristão, ferrenho na causa da preservação da vida. Falou sobre pílulas...
Cacete, eu nunca tinha pensado que tomar aquele trem de 28 pila iria MATAR UMA VIDA! Sei lá, eu fiquei assustada com a tal "coisa minha" que estava na camisinha, pensei em um poxa!, não posso ter um filho agora, meus pais iriam me estrangular! Não fiquei pensando que dentro de mim poderia ter iniciado um processo de vida.
Fiquei horrorizada com meu ato do passado.
Fiquei horrorizada com a frieza do meu ex-"namorado".
Fiquei irada comigo mesma que fui tão idiota em "obedecer" à sugestão do guri.
Fiquei me questionando se ter comprado aquela droga foi ingenuidade... Não! Fui burrice! Não foi falta de informação, foi burrice!
Veja bem, se minha mãe tivesse tomado uma pílula no dia seguinte daquela cópula, eu não teria nascido! Ela teria me abortado!
Se tua mãe, futuro leitor deste meu tosco texto de agenda, tivesse tomado uma pílula naquele dia, tu não estarias aí, lendo este chamado de atenção disfarçado em texto de agenda disfarçado em texto de blog.
Quanto vale a vida?, perguntou-me certa vez um verso de uma música dos Engenheiros do Hawaii. Olha, não sei quanto vale uma vida. Mas sei que para matá-la, para evitar que ela aconteça, são apenas 28 reais...



OBS: Agradeço a Ana pela correção feita!