20 janeiro 2010

[ -família +TV e internet]

Hoje, conversando com a Rose, minha chefe no departamento de Direito da UFRGS, onde tenho bolsa, começamos a filosofar (não foi bem um filosofar, mas gosto de usar esse termo!) sobre o quanto a TV e a internet tornam as pessaos anti-sociais.
Quando cheguei no departamento, um gurizão estava a conversar com ela. Dei meu oi sorridente, perguntei à Rose se estava tudo bem com ela, olhei pro guri, dei oi, sorri pra ele também. Já fui meio que dando as costas quando notei que o Eduardo (esse é o seu nome) estava se levantando e vindo na minha direção; deu-me abraço e beijinhos. Colocaram-me no assunto e fiquei um tempinho ali.
Fiquei surpresa! Quando o Eduardo foi embora comentei com a Rose do quão educado foi o rapaz - no Direito não estou acostumada a ser tão bem tratada pelos alunos, ou ex-alunos, que é esse o caso.
A Rose começou a falar da época em que os alunos eram educados, davam-lhe abraço, iam saber como ela estava. Hoje, (eu que vi!) são uns rebeldes que levantam a voz à toa e só vão até o departamento para resolver seus pepinos (claro que há excessões, belas excessões!!!). Num relance de pensamento, falei: "deve ser a geração, Rose!". Ela concordou, mas ampliou meu pensamento: "é mesmo, os alunos mais velhos são bem mais respeitosos. Hoje em dia essa juventude - esses jovens da tua idade, Carol - vivem na frente de um computador e esqueceram de como lidar com outras pessoas". Logo pensei: isso vai ir pro meu blog!
Nos meus miolos, comecei a refletir. Pensei que não é necessariamente a geração, mas o berço, mesmo; o que se recebe dos pais é o mais influenciador.
Mas então, será que não é geração, mesmo?? Afinal, há mais anos atrás, quando não se tinha TV, a família ficava mais tempo reunida e conversava mais. As famílias de hoje não fazem mais isso, ou fazem-no pouco, então, os filhos vão crescendo em suas ilhas. Quando é preciso se relacionar com outra ilha, a fala sai ríspida e os atos são sem afeto.
Então (tou tentando organizar meus pensamentos!), a geração e berço estão intimamente relacionados:

geração passada <-> mais conversa na família <-> mais respeito

geração atual <-> menos conversa em família <-> menos afeto nas relações sociais

É possível que os ex-alunos mais antiguinhos que a Rosi conheceu são mais simpáticos porque suas famílias, na época em que eles estavam crescendo, tinham mais contato entre si, não eram focados somente na TV ou internet.
Os alunos da atualidade vivem ilhados em seus quartos com seus computadores e amigos online, falta a educação materna e paterna:

alunos mais antigos <-> conversavam mais com seus pais <-> são mais educados

alunos atuais <-> [-família +internet] <-> rispidez


Bem, nos meus devaneios a relação está interessante e faz sentido.
O que tu achas?

2 comentários:

Pri disse...

Olha Carol, realmente essa coisa de internet deixa o povo meio isolado mesmo, cada um na sua, mas isso não eh desculpa pra falta de educação. Eu sou anti-social e com hífen ainda, passo mto tempo na internet, mas de uma forma ou de outra acabo socializando bem na vida real. Acho q falta bom senso pras pessoas dessa geração.
Gostei mto do teu texto!

Juci** disse...

Já é comprovado cientificamente que o "berço" como tu descreve não tem muito a ver com o comportamento das pessoas. Por exemplo, elas podem ter nascido em berço de ouro e serem as pessoas mais simples do mundo, assim como ter nascido numa família com problemas de diálogo e sociabilidade e virarem pessoas de sucesso com muitos amigos e de uma educação incomparável. Mas isso quanto a classe social. A educação que recebemos dos nossos pais é só 1% do que nos define, o resto vem daquilo que temos contato e obviamente, das nossas proprias decisoes...
Muito bom o texto ;-)