14 janeiro 2010

Quando o adulto volta a ser bebê

Sempre que vejo um senhor de cabelos brancos, corpo curvado e andar lento passando pela rua, não consigo não dar uma olhadinha a mais, largar um sorrisinho e pensar em duas pessoas: meu avô (falecido)e meu pai. Quando vejo um velinho dar uma risadinha ou ficar emocionado com o carinho de algum jovem, também me emociono! e lembro do meu avô.
Quando eu era criança, na escola, os professores diziam que devíamos ter respeito aos mais velhos. Confesso que nunca consegui compreender tão bem a significação desse conselho quando, após ver vovô e netinhos felizes e juntinhos na TV, pedi (ou perguntei?? Aaahh, sei lá!) para minha mãe se eu podia, ao ver meu avô, dar-lhe um abraço e um beijo. Ela estranhou, deve ter percebido que ela e meu pai não nos ensinavam a nos aproximar dos velinhos. Disse sim. Então, cada vez que eu dava esses carinhos ao meu vô, ele enchia os olhos d'água.
Posteriormente, e se segue na atualidade, acontece algo semelhante com meu pai. Ele está com a maioria dos seus cabelos brancos, anda com dificuldades e tem limites em seus movimentos, esses dois últimos devido aos 13 anos de Parkinson. Quando andamos juntos, percebo as pessoas olhando, algumas com estranhamento, outras com dó do jeitinho dele. Quando ele faz suas expressões faciais características do portador desse mal (ou doença, como ambos são chamados), aí sim, todo mundo repara. Quando ele quase cai, poxa... Dá pena.
Com essas vicências fui compreendendo o tal "respeito aos mais velhos". E penso mais a respeito disso... Percebo que tanto meu avô quanto meu pai voltaram a ser crianças nos quesitos quererem e precisarem de atenção e carinho. E percebo que todos nós também chegaremos nessa situação, talvez doentes, talvez não.
Cuidar bem de um idoso exige cuidados como quando se cuida de uma criança! E ambos nos retribuem com sorrisos, a diferença é que, o velinho, por vezes retribui com olhos encharcados.

Um comentário:

Vini Manfio disse...

Também não fui ensinado a demonstrar carinho
amor
sentimento

tenho dificuldades quando me vejo numa situação dessas

mas é um aprendizado constante
uma evolução necessariamente boa
e que traz retornos fantásticos
com simples sorrisos

morando longe
sempre que vejo meus avós
os abraço

coisa que fazia apenas em datas especiais

me sinto melhor assim

mais humano

e mais família