04 dezembro 2010

O tempo passa e nem tudo fica

♪ O tempo passa e nem tudo fica
A obra inteira de uma vida
O que se move e o que nunca vai se mover...
(Nenhum de Nós - Sobre o Tempo)

Me recordo de quando eu era criança e meu irmão, Fernando, deixou nossa casa para estudar em Santa Maria. Foi muito doloroso para mim tal "perda"... Eu não teria mais por perto aquela pessoa brincalhona, carinhosa e atenciosa que eu tanto amava. E, mesmo sendo criança, chorei.
Aguardava anciosamente as férias. No início, o reencontro acontecia umas quatro vezes por ano. Depois, apenas duas... Depois, apenas uma.
Quanta faltavam algumas semanas para sua chegada, minha mãe me convocava: fazíamos um fachinão na casa, fazíamos muitos doces, bolachas, bolos, pães e outros quitutes para esperar a visita.
"Visita"... Como era estranho conceber que meu irmão era um visitante na nossa casa!
E, quando ele vinha em suas férias, já era meio estranho nosso relacionamento. Um cheio de dedos com o outro, tentando agradar. Como se realmente fôssemos estranhos.(mas o amor, interior ao que demostrávamos e tentávamos ser um com o outro, era o mesmo!)

"Visita"...
Hoje, quem tomou este papel, fui eu.
O Natal se aproxima, e quem está indo para casa, pouquíssimas vezes por ano, sou eu. Eu é quem vou pra casa dos nossos pais nas férias e recebo o tratamento de visita, eu é que recebo a casa toda organizada e com um freezer cheio de doçuras...
E sei que esse ciclo sucederá também comigo. Sei que terei filhos que também sairão de casa para estudar e construir suas vidas. Percebo o quão real é a expressão usada pelas comadres da minha mãe, "filhos a gente só tem mesmo por 9 meses e mais alguns anos".
Sei que meus filhos também serão, futuramente, as minhas "visitas"...

27 outubro 2010

A fazendinha do orkut


Certo dia, quando eu conversava com um amigo e lhe contava que meus pais são agricultores, ele brincou: "eu também; eu tenho uma fazenda!". Olhei pra ele, com cara de "da onde?!" e ele respondeu: "sim, eu tenho uma fazenda no orkut!!!". E rimos.
Porém, não pude deixar de pensar.
Uma fazendinha no orkut... Já vi o pessoal aqui na sala de informática da casa do estudante perdendo seu tempo jogando esse negócio. Ok, meu amigo falou aquilo só pra brincar comigo, mas... Por favor, neh? Convenhamos!

Se as pessoas, com tal joguinho do orkut, soubessem 5% do que é ser um agricultor... Eu até daria uma respeitada.
No orkut tu não precisa acordar antes do sol pra tratar as galinhas e o rebanho; pra ordenhar as vacas. Tu não tem que entrar dentro de casa só quando o sol já se pôs, porque tu fica aproveitando até os últimos raios de sol nas lidas. Tu não tem que sair correndo da mesa no momento do almoço porque as vacas escaparam do pasto. Tu não tem que acordar de madrugada porque tem um bezerro berrando, desesperado, e tu tem que ir lá ver o que ele tem. Tu não tem que acordar de madrugada com teu vizinho telefonando porque teu rebanho quebrou os cercados e está envadindo a propriedade dele. Tu não tem que carpir lavoura, fazendo calos nos dedos. Tu não tem que ficar na lavoura mesmo enquando tem chuva. Tu não tem que ficar na lavoura com o sol escaldante. Tu não tem que ficar na lavoura se estapeando por causa dos mosquitos. Tu não tem que deixar de passear e curtir fins de semanas e fereados porque tuas vacas, porcos e galinhas não entraram em férias. Tu não perde uma colheita em função do tempo (chuvaradas, geadas, secas). Tu não recebe um apoio miserável (ta, talvez não seja tão miserável assim... Faz tempo que não falo com meu pai sobre isso.) do governo se tua lavoura se perdeu em função do clima. Tu não tem que caminhar kilômetros na estrada de chão. Tu não vive se espremendo com o pouco dinheiro que tu recebe. Tu não tem que ficar ouvindo piadas idiotas e ofensivas.Tu não tem que ficar ouvindo o "povo da cidade" zuando com os pés grandes dos agricultores, com as mãos calejadas, com o rosto, pescoço e colo torrados do sol, com o jeitão "colono" de falar, com o desrespeito, com a pouca valorização. Teus filhos, quando começam a estudar na escola, não sofrem preconceitos, nem são alvos de piadas. Teus filhos não precisam ir pra lavoura contigo desde criancinhas.

E eu poderia continuar a lista se meu tempo não estivesse tão apertado.


Fazendinha no orkut? Ah, conta outra!

02 outubro 2010

Amizades que enfraquecem. Culpa de quem? (Alguém ajuda a responder?)

Não consigo lembrar com quem eu conversava, mas eu estava desabafando sobre como é envolvente ser amigo. Especialmente se um amigo teu está meio ausente...
Eu estava com esse problema: minha razão me cobrava pra eu ir atrás, conversar, ver se uma determinada pessoa estava bem. Houve casos mais graves, nos quais senti que a amizade estava mesmo se apagando, tamanha a falta de contato.
Eu me cobrava, mas não arrumava tempo de procurar a pessoa. E me perguntava: mas tem que ser eu pra correr atás, caramba?
Esse alguém com quem conversei (acho que foi a Beta...) me disse: Carol, pra mim amizade é recíprocra. Se tu notou que uma amizade tua está enfraquecendo, não fique se culpando tanto. A outra pessoa também tem sua parcela de culpa.
Amizade são dois corpos que se atraem e ficam como em uma mesma órbita fraterna. Se há distanciamento, a "imantação" de separação foi recíprocra. Talvez um tenha se afastado mais que o outro, mas o outro inevitavelmente também se afastou. Ou permitiu-se afastar.
Foi a primeira vez que vi uma amizade assim. Eu sempre tive a ideia de "Amizade é planta, tem que ser regada" (e é, não nego isso!).
Mas se há distanciamento, não é só culpa minha.
Se não é só culpa minha, a outra pessoa podia dar um sinal de vida e vir ver o que aconteceu, não podia?
Eu digo que não tenho tempo (ou condições pra entrar em contato, se o caso exigir passagens de ônibus ou créditos no celular). Mas se a outra pessoa está na mesma situação?
Se os dois pensam dessa forma, um sempre ficará esperando pelo outro.

E agora, José?

Não gosto de deixar textos sem conclusão...
Mas esse não teve jeito.

Que me dizes?
Alguém se dispõe a colaborar?

26 agosto 2010

Hoje percebi que não há vida imperfeita

Eu mutias vezes reclamo de alguma coisa da minha vida, e muitas pessoas são infelizes com algum ponto da sua.
Mas, num momento devaneante, compreendi: se tu és o que és agora, nesse exato momento, toda tua vida foi perfeita! Tudo foi perfeito para que esse teu momento presente exista!

Reclamar porque meu pai tem parkinson, um mal que (ainda) não tem cura? Se meu pai não tivesse essa doença, tenho certeza que eu não cuidaria tão carinhosamente dele.
Reclamar porque não tenho o corpo que a sociedade ditou por belo? Se eu o tivesse, certamente seria também uma nariz-empinado, quem sabe fútil e promíscua.
E muitos foram os pensamentos... Apliquei o "teste" em muitos pontos reclamativos da minha vida.
Só sei que compreendi que a vida que eu tenho pode não ser "perfeita" no sentido vulgo, mas é perfeita na exatidão para eu ser como sou e para eu estar aqui onde estou.

Assim também é contigo: a prova que tu não passou, o namoro que não durou, o teu familiar querido que tem doença, a tua doença, a tua deficiência, o teu não-gosto-do-meu-corpo, o teu não-tem-ninguém-que-me-quer, o teu sentir-se solitário, a tua qualquer fraqueza, a tua qualquer dificuldade, todas as tuas frustrações, todas as tuas quedas. Tudo. Tudo o que tu viveu. Tudo o que tu viveu foi perfeito!!! Se não tivesse acontecido, tu não estaria sendo quem tu és, tu não estaria onde estás, nesse exato momento.
Toda tua vida foi perfeita para que esse teu momento presente exista!

19 junho 2010

Em cada ambiente, uma vida

De repente deu uma saudade de algumas pessoas (duas, em especial) do meu passado... Bem, elas continuam presentes em meus pensamentos, mas... Se tu tem alguém que era muito teu amigo e com o qual tu não conversa mais por motivo de distância, sabe o que estou sentindo.
E a vida é isso mesmo. Em cada ambiente, um microcosmo, um pequeno mundo.
Na comunidade onde eu morava, um pequeno mundo.
Quando comecei a ir na catequese, outro pequeno mundo.
Quando comecei a estudar na cidade, outro pequeno mundo.
Quando fiz o CLJ, outro pequeno mundo.
Quando vim morar na casa do estudante, outro pequeno mundo.
Quando comecei a cursar Letras, outro pequeno mundo.
Quando comecei a me envolver com a RCC, outro pequeno mundo.
E quando eu me formar? Se eu me mudar? Outro mundo...
Então, digo: aguenta, coração!
Sei que a mudança faz parte da nossa vida. Mudar de escola, de bairro, de cidade, de qualquer-coisa. Cria-se novos círculos de convívio, novos amigos. E também vai-se selecionando contatos: ao ir-se conhecendo novas pessoas, vai-se deixando de lado outras, é a adequação de companhias às características, desejos de vida, pensamentos, etc, em comum.
Existe correio, email, orkut. Mas existe a correria do dia-a-dia, existe o "não tenho tempo", existe o "o que é que eu vou escrever? faz tanto tempo que não conversamos"...
Este último é embaraçoso. Quando se encontra uma pessoa que há tempo não se vê, duas são as possibilidades: uma conversa afobada e gritante, cheia de entusiasmo, ou um abraço meio sem jeito e palavras poucas, aquele sentimento de "o que vamos conversar?". Pelo menos comigo isso acontece.E é bem ruim.
Retornando, disse que fui atingida pela saudade. Mas o que mais mecheu comigo foi lembrar que é possível uma nova mudança, e as pessoas tão amadas que hoje fazem parte do meu grupo futuramente não mais farão. Deprimente. Legal, na vida podemos conhecer e relacionar-se com várias pessoas. Mas é também deprimente.

13 junho 2010

Dia dos Namorados

Eu quis ter escrito ontem, mas como não estive em casa, faço-o hoje.

Ontem foi dia dos namorados. Mais uma data comemorativa que me deixa pensativa... O que, afinal, as pessoas comemoram? E como elas comemoram?

Nas lojas de chocolate, mercados e lojinhas de presentes, a exposição de produtos para esse dia. E nas sexy-shop, sem comentários. Ok, é a troca de presentes. Os restaurantes e pizzarias com seus fôlders exibindo a promoção especial para os casais. Ok, é o jantar romântico fora de casa.
Mais um dia lucrativo para o comércio!
E é só isso? Troca de presentes e jantar fora?
Infelizmente, para muitos, sim...

Seria bem interessante se os casais usassem esse dia para também refletir sobre o que é um namoro, e sobre como está sendo o seu relacionamento.

O que se pode pensar sobre os namoros atuais? Como eles são?

- namorada(o) é a(o) amiga(o) que tu beija;
- namorada(o) é uma(um) ficante-fixa(o), que tu fica várias vezes, por vários dias, e somente com ela
- namorada(o) é a(o) ficante que tu apresentou pra tua família
- o casal que vive junto e não gosta de usar o termo "casado"
   - o casal que vive junto porque 'se ama'
   - o casal que vive junto porque gosta da questão físico-química da coisa
E sobre o "pensar no futuro"?
- o importante é curtir cada momento, o futuro não importa
- o casal pensa em um futuro juntos - casamento
- o casal pensa em um futuro juntos -  'juntar-se'
- o casal pensa em um futuro juntos e age, ainda no presente, para ir concretizando-o

Namoros que vivem castidade. Namoros que não vivem castidade.
Namoros que focam um futuro. Namoros que vão-se empurrando com a barriga.
Namoros que envolvem sublimes sentimentos. Namoros que existem somente por questões sexuais.
Namoros que servem como fuga para problemas pessoais, como uma terapia.
Namoro de inverno, porque é bom ter alguém pra te aquecer (sim, eu já ouvi isso... lamentável).

Ahh, sei lá...
Isso tudo está mais para um lançar na tela um monte de devaneios que para um construir texto.
Mas, em fim, lanço a reflexão: como é o teu namoro? Ele tem algum fundamento? Ele tem algum futuro? Ele vale a pena?

01 maio 2010

Carolice na cidade chamada CEU

Não, não vou falar sobre o céu, mas sobre a CEU - Casa do Estudante Universitário.
Em um dos meus devaneios diários, fiz uma anologia entre a CEU e uma cidade... E foi divertido! .

A "Praça da Lavanderia" é um lugar propício para socializar. Sim, é bizarro conhecer pessoas (e fazer amigos!), em uma lavanderia, mas na cidade CEU... isso é possível. Entre a espera de uma centrifugação, lá estão os moradores a trocar ideias sobre o uso das máquinas, sobre as condições do varal, sobre marcas de sabão em pó.

Da "Praça da Cozinha", lembro das várias piadas direcionadas aos guris... As pessoas que vão ali esquentar miojo x as que faziam pratos elaborados. E os guris na cozinha!!! É, essa cidade faz mesmo os cuecas se virarem!! (rsrsrs...)

No "Bar da Informática"... Ah, esse é um lugar problemático. Enquanto muitos vão para beber conhecimentos e comer informações, há os sem-noção que fazem daquele lugar um banco de... de... praça? não, nas praças não se fala tanta baixaria... huumm... um banco de uma zona (!) e ficam a narrar suas histórias escrotas. Ou, simplesmente aqueles (que são os mesmos a recém citados, eita gente inconveniente!) que pensam que aquilo é mesmo um bar, um lugar pra falar alto e ouvir música alta, ou, pior: pensam que é um bar que tem karaokê. Salve-se quem puder! Tente ganhar dinheiro e ter seu próprio computador em seu quarto, porque a sala de informática... vou te contar! Só quando esse povo sem-noção sair da CEU pra voltar a paz.

O "Point Sala X"! Ah, esse gosto muito! É um pavilhão no qual os moradores podem reunir-se para ensaiar ou dar aulas de dança, teatro; fazer reuniões; rezar.

As praças chamadas "Halls" são multi-funcionais. Servem para os dedicados estudarem, para os músicos mostrarem seus talentos (ou perturbarem o sono e a paciência dos outros)... Servem para os baderneiros fazerem suas festas (às vezes estou incluida!) e atazanarem o silêncio da cidade.
As pequenas ruas chamadas "Sacadas", além de servirem para os que querem fazer uma ligação telefônica celefônica em paz, são as chaminés que liberam aos ares a fumaça dos cigarros dos mais variados tipos, das mais diversas composições.

As "Avenidas Corredores" são por vezes desconfortáveis... Há as sacolinhas de lixo que os moradores ali deixam para levar no aterro em outra ocasião, há as várias bicicletas (transporte de muitos moradores) que, se tu não andar tendo cuidado, acaba acotovelando-nas.
Mas o pior é quando uma bicileta faz papel de tralha e fica impedindo a passagem pelas escadas, que dão acesso de um bairro-andar para outro. Se algum dia a cidade toda pegar fogo, aí os habitantes vão ver a importância de deixar as escadas livres.

Os terrenos-baldios chamados "Banheiros"... Bem, destes vou poupar o estômago do leitor.

E as casas, chamadas "Quartos". Algumas organizadas... Outras não. Algumas concervadas...Outras não. Algumas com uma mobília que beira casa-própria... Outras não. Algumas abrigando duas pessoas que se dão bem, outras não.
Algumas dominadas por cupins... As outras também.

E assim poder-se-ia ficar por muitos mais caracteres devaneando sobre a CEU... Uma morada que às vezes é mesmo um tranquilo céu, mas às vezes... É um "Quinto dos Infernos" (com direito até a uma "Faixa de Gaza").

21 abril 2010

Devaneios sobre inverno

As roupas longas... Mesmo que com a impressão de pareço-um-austronauta-aqui-dentro, como as pessoas ficam elegantes em trajes de inverno!
Homens não andam na rua sem camisa (e sem pedir permissão ao alheio se este quer ou não ver tal paisagem...), mulheres não andam na rua com shortinhos e blusinhas fresquinhas e fresquinhas (tomara-que-me-passem-a-mão).
Nas pessoas, esbeltidade.
Menos suor, menos gente se abanando e se acotovelando no movimento esquerda-direita de leques, folhas, cadernos, ou qualquer objeto que produza vento.
No comportamento, menos agressões-sem-querer.
Um ônibus cheio não é sufocante, nauseante, nojento. É acolhedor, é alívio para fugir da rua vento-gelada.
Nos ambientes, menos desconforto.
As pessoas ficam mais quietinhas, e também mais quietas, parece que há mais silêncio... (dá pra notar a diferença entre ser quietinho-comportadinho e quieto-silencioso?)
Na comunicação, calmaria.
As bocas lançando "fumacinha".
Para as crianças sentadas próximas a um vidro, diversão, treino de desenho e escrita.
Os amigos formando um bolinho, querendo se abraçar.
Entre os conhecidos que gostam de contato, proximidade.

Só não é nada legal para algumas profissões...
Meus pais, por exemplo. Não é nada agradável acordar cedinho no frio-de-renguear-cusco. Ir lavar os úberes das vacas com a água que, por vezes, está com uma camada de gelo (!!!). Ir na horta colher verdura e tocar naquelas plantinhas geladas. Ir para a lavoura com aquele vento cortante, frio rachador de lábios.
Na natureza, a cerca-viva e tantas outras plantas que morrem com a geada. Os animais que dormem todos próximos uns dos outros para se aquecerem. O cachorro que fica 24 horas com o corpo tirititando.
O acalento para humanos: ficar próximo do fogão à lenha tomando um mate quente; comer a sopa quentinha feita pela mãe (esposa).
Se a tarde além de friu traz chuva, comer as pipocas lambuzadas com o doce feito de açúcar mascavo.

O inverno...
Estação que, apesar de alguns pesares, mais gosto!

31 março 2010

Um feliz Coelinho da Páscoa pra você!

Continuando a linha de pensamentos de ontem, venho narrar mais um fato ocorrido nas salas de aula da UFRGS.
Hoje, ao fim da aula, uma das minhas professoras disse um "Feliz Coelinho pra todos vocês!". Achei genial!!! Provocou graça, mas foi uma ótima ideia. Eu gostei. E passo adiante.
Raras pessoas dizem "Feliz Páscoa" no intuito de desejar uma boa vivência de Páscoa, boas celebrações, boas reflexões sobre essa data; na verdade o que elas querem dizer é uma boa troca de presentes, boa viagem, bom feriado, bom poder-não-ir-ao-trabalho-na-Sexta-feira-Santa.
É triste pensar nisso... Tenho certeza que muitas pessoas desejam aos outros "Feliz Páscoa" mas nem passa em suas cabeças o que se celebra nessa data.
A prova que é possível ter-se uma vida sem pecado, uma vida só de amor? A grandiosidade do Deus que mandou seu Filho à terra, e Este teve morte de cruz? A ressureição do Cristo? Não, muitos não lembram disso.
Peça a uma criança o que acontece na Páscoa. Certamente muitas vão dizer "eu ganho presente do Coelinho!". Admissível, isso ocorre por falta de conhecimento ou é a opção de vida dos pais.
Mas ficar mandando recados com "Feliz Páscoa" é como dizer "eu te amo" pra alguém sem amar. Exagerei? Eu não acho!
Tornou-se uma frase sem essência, uma saudação que perdeu seu genesial sentido.
Então, pra quem não vive a Páscoa, que tal trocar o "Feliz Páscoa" por um "Bom Coelinho!"? Eu propago a ideia!

30 março 2010

Professores ateus

Abalada pela enésima vez em que, durante uma aula, um dos meus professores fala da igreja católica ou de seus ritos com ironia, aqui venho fazer algumas reflexões.
Sobre a escolha religiosa: da mesma forma em que pessoas optam por não seguir a Cristo, há quem opte por ser cristão. Da mesma forma em que eu, cristã, respeito as diferentes escolhas, por que os ateus não podem, não TENTAM, respeitar?
Eu, que nem, sequer tenho completa a minha graduação, sou civilizada e sei respeitar as diferentes opções de vida. É lamentável que tantos, inclusive mestres e doutores, não o saibam fazer. Mas... Convenhamos: para se ter respeito não é preciso ter um estudo. É simplesmente lamentável a posição de certas pessoas que poderiam usar da sua profissão para propagar respeito se comportem tão negativo-humanamente.
Pense: não se dirigem palavras irônicas a homossexuais, negros, e tantos outros grupos que são alvos de discriminação, e, se isso ocorre, logo se tenta apaziguar, desdizer. Por que isso não acontece quando o assunto é religião?
Pense: e se no mundo atual ocorresse o contrário, se fossem os cristãos a maioria esmagadora de peito e nariz erguido que ficasse agulhando os ateus a todo tempo? Ia ser legal para os ateus? Eles iam gostar de tanta perseguição verbal, tanta crítica e ironia, tanto sarcasmo e deboche?
Pense: tu não te incomodas quando alguém fala mal do teu pai(mãe), esposo(a), namorado(a), filho(a)? Se não te incomodas, parabéns, és mesmo uma pessoa muito paciente (ou idiota). Não é isso que acontece comigo e, certamente, com muitos outros cristãos. Quando nossa fé é banalizada e vulgarizada, é nosso Amor que também o está sendo. Ironizar o Cristo, a fé ou os ritos que sigo é ironizar meu pai ou qualquer outra pessoa que amo. A diferença é que quando alguém que amo é alvo de palavras ofensivas, eu reluto, defendo. Mas quando é com religião, eu calo...
Agora, minha vez de pensar: por que calar-se?
Porque sei que iniciar-se-ia uma discussão polêmica (e não admito ocupar o tempo de aula com isso). Porque ainda não tenho argumentos suficientes, sou aprendiz, e não admito falar de algo com incertezas, falar de algo que não conheço o suficiente. Porque ainda não tenho forças para dar minha cara a tapas, porque sou fraca.
Agora, alguém me responde: por que tanta perseguição? Por que tanta ironia?
O ser humano não tem a capacidade de compreender que, da mesma forma que ele opta por algo, há pessoas que optam por algo diferente? O ser humano não tem capacidade de entender que o que ele faz ao outro poderia estar sendo feito a ele?
Sim, ele é capaz!
Então, me questiono: onde está a humanidade desse ser?
E me questiono também: as pessoas agem assim porque não percebem que o fazem, não percebem que estão cometendo um desrespeito, uma discriminação? Porque simplesmente as palavras ofensivas saem da boca pra fora, sem uma reflexão anterior? Ou elas percebem e mesmo assim o fazem? Ou elas fazem de propósito para provocar?
Elas têm alguma razão concreta para fazer isso? Elas estão trazendo algum benefício para a sociedade? E quando isso acontece em sala de aula, elas percebem que se distanciam do foco a ser ensinado para agulhar sentimentos pessoais?

06 março 2010

Devaneios sobre dar elogios

Estava Jonas, meu amigo, e eu. No meio daquele pessoal não muito amigável, havia um que era muito atencioso e prestativo. E sorridente, e querido. Comentei com Jonas algo do tipo: 'nós poderíamos ir lá e dizer pro cara que a gente gosta dele, que ele desempenha bem o seu trabalho'. Aí me lembrei de quando despertei para essa parada de elogiar.
Minha mãe sempre dizia que, quando se fala em crítica destrutiva, é bem fácil jogar na cara - ou falar pelas costas, sendo ainda pior o ato. Mas, quando é um elogio, as pessoas ficam quietas. (Muitos fogem a essa regra, mas eu fui uma daquelas que não tinha coragem para chegar à pessoa e dizer as palavras sinceras e de incentivo).
Na primeira vez, foi com uma professora da UFRGS. Ela foi excelente em sua docência, eu não queria deixar aquilo passar em branco. Mas, no meio de tanta timidez, fiquei receosa... Até lembrar das palavras sábias de minha mãe! Tomei coragem e fui lá: "Professora, só quis vim aqui pra te prestigiar! Teu trabalho foi ótimo (...)". A mulher ficou emocionada. Bem, confesso que esperei o semestre terminar com o medo de que ela interpretasse aquilo como puxa-saquismo. Viu só? Mesmo estando disposta à ação, fiquei imaginando reações ruins.
E por que essa insegurança toda? Porque as pessoas (eu, no caso) não estão acostumadas a falar o bem! E, se falam, talvez não seja frente a frente da pessoa, não nutrindo nossos "genes da coragem"... Às vezes, palavras de elogio são motivação para seguir no caminho, e falá-las pessoalmente trazem bem-estar e muita alegria a quem ouve.
E você? Costuma dar elogios? Elogia só quando a pessoa está ausente? Ou, então, é daqueles que nunca fazem um elogio?

02 março 2010

Texto literário: Quanto vale a vida?

Marília. 17 anos. Namorando um cara de 25 - loiro, belo, gato. Eu, inexperiente. Ele, já havia namorado.
Foi nossa primeira noite de intimidade. Com apenas duas semanas de "namoro", ele me convidou pra ir na sua casa, seus pais não estariam. Inventei uma desculpa qualquer para os meus e lá fui.
Beijinhos, abraços. Música - música espanhola!, ele sabe como me agradar. O clima ficou quente, fomos nos despindo e... rolou.
Ele riu três vezes devido ao meu mau jeito - devia ter pensado que eu fosse expert naquilo. Fiquei costrangida, senti-me humilhada. Ao fim, ele tirou a camisinha, olhou, e disse tem algo aqui, acho que é teu. Tu toma uma pílula do dia seguinte amanhã? Tomo sim, ingenuamente disse eu.
Fui pra casa a pé, noite escura. Cidade pequena, poucas quadras, pouco perigo. Mas podia ter me acompanhado!, falei sozinha. Mal dormi. Não via a hora de amanhecer pra eu ir numa farmácia comprar aquele "medicamento".
Amanheceu. Era domingo. Peregrinei pela cidade procurando uma farmácia em plantão. Ao encontrar, o constrangimento: eu nunca havia passado por tal situação. Meia sem jeito, pedi ao farmacêutico uma pílula do dia seguinte. Ele me olhou, talvez preocupado, talvez se preparando pra sair fazendo fofocas a meu respeito, perguntou se minha mãe sabia daquilo. Disse que não. Ele balançou a cabeça, desaprovando.
Comprei. R$28,00. Tomei.
Passaram alguns dias. O meu "namorado" não me procurou mais. Não ligou, não foi até minha escola no fim da aula... Nos cruzamos uma vez no supermercado. Fiquei aflita. Será que ele vai ao menos falar comigo? Ele simplesmente deu um "oi", um beijinho murcho em minha bochecha, disse que tinha pressa e precisava ir. Não perguntou se tomei aquela coisa, não ofereceu 1 real sequer para me ajudar a pagar aquilo. Ah, mas também, nem precisava, neh?! Eu fiz a coisa sozinha, não teve um homem do meu lado, eu que arcasse com o preço! Ironia!!
Uns dias depois, um amigo nosso veio me dizer que o meu "namorado" queria falar comigo. Fiquei aborrecida, por que ele já não veio? Meu amigo perguntou se eu poderia encontrar meu "namorado" naquela noite. Sim, posso, mas é o fim! Ele não tem mais a capacidade de falar comigo pra marcar isso?
À noite, fui ao barzinho combinado. Ele esava lá, na mesa de costume. Nosso amigo intermediário-de-marcação-de-encontro estava há umas 3 mesas distantes. Pra quê?, pensei. Vai ver que é pra apartar a briga, ironizei em meus miolos.
Oi. Oi, Marília, vamos conversar? Sim, vamos - não, vim aqui pra ficar só te olhando, pensei irritadamente.
Ele disse que me considerava muito amiga, muito isso, muito aquilo. Mas pra namoro, não. Claro, tu não quer uma ingênua inexperiente na tua cama, seu filho da p*, pensei. Eu disse um tudo bem, concordo, de minha parte também... blá blá blá.
Aí ele começou a falar de música, uma mania já tradicional pra desviar de assunto.

O tempo passou. Passei a evitá-lo. Eu não queria mais sentir aquela revolta que aflorava cada vez que eu o via. Ele riu de mim...
O tempo passou, enchi minha cabeça com outros pensamentos, tinha que me matar estudando pro vestibular.
Certa feita, minha família recebeu a visita de um primo meu que há muitos anos não víamos. Meus pais precisaram dar uma mãozinha pro nosso vizinho que havia se enroscado nos fios do cortador de grama, fiquei a sós com meu primo. Ele, preocupado e fraterno, quis saber da minha vida afetiva. Falei que não estava namorando. Ele começou a dizer que, quando eu namorasse, eu deveria tomar cuidado com o quesito sexo. Ele é ginecologista. E cristão, ferrenho na causa da preservação da vida. Falou sobre pílulas...
Cacete, eu nunca tinha pensado que tomar aquele trem de 28 pila iria MATAR UMA VIDA! Sei lá, eu fiquei assustada com a tal "coisa minha" que estava na camisinha, pensei em um poxa!, não posso ter um filho agora, meus pais iriam me estrangular! Não fiquei pensando que dentro de mim poderia ter iniciado um processo de vida.
Fiquei horrorizada com meu ato do passado.
Fiquei horrorizada com a frieza do meu ex-"namorado".
Fiquei irada comigo mesma que fui tão idiota em "obedecer" à sugestão do guri.
Fiquei me questionando se ter comprado aquela droga foi ingenuidade... Não! Fui burrice! Não foi falta de informação, foi burrice!
Veja bem, se minha mãe tivesse tomado uma pílula no dia seguinte daquela cópula, eu não teria nascido! Ela teria me abortado!
Se tua mãe, futuro leitor deste meu tosco texto de agenda, tivesse tomado uma pílula naquele dia, tu não estarias aí, lendo este chamado de atenção disfarçado em texto de agenda disfarçado em texto de blog.
Quanto vale a vida?, perguntou-me certa vez um verso de uma música dos Engenheiros do Hawaii. Olha, não sei quanto vale uma vida. Mas sei que para matá-la, para evitar que ela aconteça, são apenas 28 reais...



OBS: Agradeço a Ana pela correção feita!

29 janeiro 2010

É errado falar "erado" ?

Muitas comunidades, inclusive aquela da qual eu vim, pronunciam "carro" de automóvel da mesma maneira que se pronuncia "caro" - antônimo de barato. E as piadas vêm: caro, caroça, erado...
Lembro de uma professora que tive no ensino médio. Uma professora de Literatura, formada em Letras, portanto. Ela insistia em dizer para as minhas colegas que era errado falar assim e que elas precisavam mudar o quanto antes, que ia ser vergonhoso entrar numa faculdade falando assim.
Eis que eu comecei a fazer Letras. E, no primeiro semestre, estudo o preconceito linguístico, fazendo a leitura de Marcos Bagno, no livro "PRECONCEITO LINGUÍSTICO - o que é, como se faz?".
Aprendi que tais pronúncias não são erradas, são variações linguísticas e devem ser respeitadas! Ocorrem devido a fatores regionais - região colonizadas por italianos, que em sua pronúncia, tem o "r" alveolar, como em carimbo e não uvular como em rato, carroça.
E lembrei daquela professora... Como não conheço o currículo da faculdade na qual ela foi formada, não posso dizer "lamentável curso!". Mas, se ela teve essa instrução, aí posso dizer "lamentável mente!".
E aproveito para indicar a leitura! Com ela, tu quebrarás muitos mitos e aprenderás, como eu aprendi, que somos preconceituosos sem nem se quer sabê-lo.

26 janeiro 2010

Devaneios sobre fotos

Ao andar pelos corredores do prédio de Direito da UFRGS, onde atualmente tenho bolsa, fico observando os quadros das turmas formandas. São muitos, e alguns muito antigos. Ontem notei os dois quadros novos que estavam na secretaria, são das turmas formadas no interim 2009/2010.
Como são diferentes os quadros! Não apenas o modelo do painel, antigamente trabalhados em madeira; são as fotos, antes pretas e brancas e agora coloridas; são as pessoas, antes as mulheres com seus cabelos volumosos e os rapazes com seus bigodes, e quase todos com rostos sérios. Hoje, fotos coloridíssimas, destacando a maquiagem do mulherio; os rapazes sem bigode, as mulheres com seus cabelos pintados. E muitos, muitos sorrisos.
Diferenças no painel, na cor da foto, na maneira de vestir-se e maquiar-se, na expressão facial, no estilo das togas...
E pensei: como serão as fotos do futuro? Não acredito que serão como as de hoje. Mas aí, o que será inventado?
Então conclui: certamente serão em 3D... Ou, então, serão naquelas telas nas quais tu vais encostando teus dedos e as fotos vão surgindo, juntamente com dados sobre cada aluno.
E as pessoas? Talvez haverá pessoas com seus cabelos pintados de azul e com cortes muito chamativos.
E num futuro ainda mais futuro?
Talvez os quadros brotem das paredes pela força dos nossos pensamentos...

21 janeiro 2010

Quando a TV corrompe uma família

O assunto que tratei ontem me fez lembrar do dia em que reparei as mudanças na casa dos meus pais.
Éramos acostumados a jantar, ficar um pouquinho na cozinha até organizá-la, ir ver o Jornal Nacional e depois ficarmos conversando. Também eram muitas as noites em que íamos fazer serão nos vizinhos; não apenas serão, mas também a oração do terço. Bah, é verdade! Nós rezávamos muitas noites o terço lá em casa... Mas aí, quando o povo começou a viciar em novelas...
A TV nos fez calar. Eram 4 pessoas mudas diante de um aparelho que transmitia notícias e também um monte de asneiras em forma de novela. Muitas vezes minha mãe comentou a situação, mas ninguém fez nada pra mudar.
E quando me deram o computador, então? Bah, "já era" as conversas depois do jantar! Minha mãe me chingava toda noite por eu não estar mais me relacionando. E pior que nem sempre eu estava no PC pra estudar - eu não tinha internet, precisava pegar na cidade as coisas que eu precisava, salvá-las em disquete e levar pra casa, foi em tempos depois que veio a internet discada. Lembro muito bem de quando minha mãe me chamava pra ficar com eles (mesmo sendo na sala, com a TV ligada) e eu dizia que não podia, sendo que na verdade eu estava jogando Pinball e Paciência.

Minha intenção com esse texto não é queimar o filme da minha família, até porque sei que isso não aconteceu apenas conosco, mas com toda Linha Manfio (é assim que se chama aquela localidade) e, por que não, com todas as famílias do universo (ta, nem todas!). Muitas vezes os moradores da Linha não saem por medo dos roubos; em outras vezes, e em muitas vezes, por falta de tempo, mesmo. Às vezes a falta de tempo é devida ao trabalho, às vezes não tem falta de tempo nenhuma, mas todos estão concentrados nos sofás olhando as porcarias da TV.
Pensas bem: será que isso não está acontecendo na tua casa?
Depois de ter refletido sobre isso tudo, o que me resta?
Para tentar mudar, quando vou pra casa uso uns argumentos do tipo: não acredito que vim de tão longe pra vocês ficarem aí vendo novela! E, no mais, fica o exemplo pra mim! Saberei como agir quando eu construir a minha família.

20 janeiro 2010

[ -família +TV e internet]

Hoje, conversando com a Rose, minha chefe no departamento de Direito da UFRGS, onde tenho bolsa, começamos a filosofar (não foi bem um filosofar, mas gosto de usar esse termo!) sobre o quanto a TV e a internet tornam as pessaos anti-sociais.
Quando cheguei no departamento, um gurizão estava a conversar com ela. Dei meu oi sorridente, perguntei à Rose se estava tudo bem com ela, olhei pro guri, dei oi, sorri pra ele também. Já fui meio que dando as costas quando notei que o Eduardo (esse é o seu nome) estava se levantando e vindo na minha direção; deu-me abraço e beijinhos. Colocaram-me no assunto e fiquei um tempinho ali.
Fiquei surpresa! Quando o Eduardo foi embora comentei com a Rose do quão educado foi o rapaz - no Direito não estou acostumada a ser tão bem tratada pelos alunos, ou ex-alunos, que é esse o caso.
A Rose começou a falar da época em que os alunos eram educados, davam-lhe abraço, iam saber como ela estava. Hoje, (eu que vi!) são uns rebeldes que levantam a voz à toa e só vão até o departamento para resolver seus pepinos (claro que há excessões, belas excessões!!!). Num relance de pensamento, falei: "deve ser a geração, Rose!". Ela concordou, mas ampliou meu pensamento: "é mesmo, os alunos mais velhos são bem mais respeitosos. Hoje em dia essa juventude - esses jovens da tua idade, Carol - vivem na frente de um computador e esqueceram de como lidar com outras pessoas". Logo pensei: isso vai ir pro meu blog!
Nos meus miolos, comecei a refletir. Pensei que não é necessariamente a geração, mas o berço, mesmo; o que se recebe dos pais é o mais influenciador.
Mas então, será que não é geração, mesmo?? Afinal, há mais anos atrás, quando não se tinha TV, a família ficava mais tempo reunida e conversava mais. As famílias de hoje não fazem mais isso, ou fazem-no pouco, então, os filhos vão crescendo em suas ilhas. Quando é preciso se relacionar com outra ilha, a fala sai ríspida e os atos são sem afeto.
Então (tou tentando organizar meus pensamentos!), a geração e berço estão intimamente relacionados:

geração passada <-> mais conversa na família <-> mais respeito

geração atual <-> menos conversa em família <-> menos afeto nas relações sociais

É possível que os ex-alunos mais antiguinhos que a Rosi conheceu são mais simpáticos porque suas famílias, na época em que eles estavam crescendo, tinham mais contato entre si, não eram focados somente na TV ou internet.
Os alunos da atualidade vivem ilhados em seus quartos com seus computadores e amigos online, falta a educação materna e paterna:

alunos mais antigos <-> conversavam mais com seus pais <-> são mais educados

alunos atuais <-> [-família +internet] <-> rispidez


Bem, nos meus devaneios a relação está interessante e faz sentido.
O que tu achas?

19 janeiro 2010

A amiga do malabarista argentino




Se não bastasse cativar apenas um (chapado?) ladrão - veja o post "O assalto que todo mundo quer sofrer" -, a guria aqui cativa os malabaristas que tentam ganhar umas moedas nos sinais.
Era manhã de sábado do mês de agosto, fui correr na Redenção. Ao me aproximar de um sinal, vi os malabares e fiquei, por alguns segundos, meio que filosofando sobre a situação sócio-sconômica dos mesmos. O sinal fechou, os dois homens vieram para a calçada e fiquei lá, ao lado deles. Num ímpeto que até hoje não entendi se foi intencional ou natural, olhei para aquele que estava ao meu lado e (novidade!) sorri. Ele deu um "Hola!" e pediu (digo, perguntou) se eu era moça de verdade, estendeu o dedo e ficou cutucando meu braço. Ah, tive que rir! E se o riso é as portas do contato, começamos a conversar.
Demorei um bocado pra adaptar meu ouvido àquele sotaque: ele era de Buenos Aires. Foram vários os 'ãhm?' e 'desculpa, não entendi!'.
No início, a covnersa estava meio de encantamento-à-primeira-vista. Ele falou algo semelhante a "Teus pais são joalheiros? Pois fizeram uma jóia muito bonita!". Olha, se alguém tivesse me falado isso num baile (bailão de interior semrpe abre espaço para esse tipo de cantada), por exemplo, eu iria fazer uma cara de agrado, mas por dentro pensaria "Poxa, reinventa, neh?!". Mas com ele não, foi bem legal. Gostei da tal cantada, a sitaução foi inusitada.
Ele perguntou várias coisas, se eu era de POA, o que eu fazia, se tinha "marido". Fiz umas perguntas a ele também. Ele contou-me várias coisas, e várias coisas eu não entendia, mas para não ficar pedindo repetição, deixei passar. Contou que logo iria embora e queria meu contato, meu email. Fiquei receosa, mas... Mesmo se eu quisesse, ambos não tínhamos caneta! Ele, muito esperto, sugeriu para irmos até uma banquinha de pipoca na Redença. Eu pensei: "quer saber, que mal tem eu passar meu email?".
Ele (digo ele porque não teve jeito de eu entender seu nome...) disse que me enviaria fotos da praia, que logo ele iria viajar para lá. Até fez graça dizendo que ele estaria com os pés na areia enquanto eu estaria me matando de estudar na universidade.
Um cara bacana. Ousado. E eu, mais ousada ainda, não é? Ficar conversando com estranhos nem sempre é aconselhável.
Bem, até hoje o rapaz não me escreveu. Se ele escrever, mandarei esse post, ficará como uma homenagem ao cara que foi tão cara-de-pau e simpático, e carente de pessoas para conversar.
Me recordo que, na banquinha da pipoca, quando eu estava anotando meu email, perguntei a ele se eu entenderia o email, afinal, não domino espanhol. Ele brincou dizendo que se esforçaria pra escrever-me em portunhol.
Bem, esse post aqui não está em portunhol, mas se ele não compreender, vou tentar traduzi-lo no email que, eu espero, um dia virá!

15 janeiro 2010

Pedir = perguntar

Aqui vou relatar o fato mais embaraçante e também engraçado que aconteceu comigo sobre esse vocabulário interiorano!

Na universidade, George, meu amigo, vivia fazendo uns "Aaahhhm?" de não entendimento sobre o que eu falava e me corrigia:
"Não é pedir, é perguntar, Carol!".
Cacete, que guri chato! Vai querer podar meu dialeto, agora?!
Eis que certa vez estávamos eu e ele na casa do Rodrigo (o melhor amigo do George). Eles começaram a falar de um DVD do Legião Urbana, que estava baratíssimo. Pasmada, perguntei a eles se esse valor era de um DVD original ou pirata. Os dois, conversando, não me ouviram. Aí o Rodrigo me olhou e disse:
"Disculpa, não ti ouvi! O que tu falô?".
Eu respondi:
"Nada não, eu só queria te pedir se ele é original".
Como resposta, obtive um embaraçoso e meio sem jeito
"Bom, Carol... Quando eu tiver dinheiro posso comprar o original pra ti..."

??????

Fiquei totalmente sem entender. Olhei pro George, que já se quaiava rindo e percebi: eu deveria ter dito "só queria te perguntar se esse DVD é original".

Vê se pode uma coisa dessas!

Mas notei que a coisa era séria quando, em uma das minhas redações para a cadeira de "Leitura e Produção Textual", escrevi:
"... nem mesmo lembrei de pedir de Jonas".
Quando a professora devolveu os textos, vi que ela havia sublinhado o meu 'pedir' e colocado no lugar um 'perguntar sobre'. Minha reação:
"Putz, isso é mesmo um fato sério! Georgeeeee, pode voltar a me corrigir, eu deixo!"

14 janeiro 2010

Quando o adulto volta a ser bebê

Sempre que vejo um senhor de cabelos brancos, corpo curvado e andar lento passando pela rua, não consigo não dar uma olhadinha a mais, largar um sorrisinho e pensar em duas pessoas: meu avô (falecido)e meu pai. Quando vejo um velinho dar uma risadinha ou ficar emocionado com o carinho de algum jovem, também me emociono! e lembro do meu avô.
Quando eu era criança, na escola, os professores diziam que devíamos ter respeito aos mais velhos. Confesso que nunca consegui compreender tão bem a significação desse conselho quando, após ver vovô e netinhos felizes e juntinhos na TV, pedi (ou perguntei?? Aaahh, sei lá!) para minha mãe se eu podia, ao ver meu avô, dar-lhe um abraço e um beijo. Ela estranhou, deve ter percebido que ela e meu pai não nos ensinavam a nos aproximar dos velinhos. Disse sim. Então, cada vez que eu dava esses carinhos ao meu vô, ele enchia os olhos d'água.
Posteriormente, e se segue na atualidade, acontece algo semelhante com meu pai. Ele está com a maioria dos seus cabelos brancos, anda com dificuldades e tem limites em seus movimentos, esses dois últimos devido aos 13 anos de Parkinson. Quando andamos juntos, percebo as pessoas olhando, algumas com estranhamento, outras com dó do jeitinho dele. Quando ele faz suas expressões faciais características do portador desse mal (ou doença, como ambos são chamados), aí sim, todo mundo repara. Quando ele quase cai, poxa... Dá pena.
Com essas vicências fui compreendendo o tal "respeito aos mais velhos". E penso mais a respeito disso... Percebo que tanto meu avô quanto meu pai voltaram a ser crianças nos quesitos quererem e precisarem de atenção e carinho. E percebo que todos nós também chegaremos nessa situação, talvez doentes, talvez não.
Cuidar bem de um idoso exige cuidados como quando se cuida de uma criança! E ambos nos retribuem com sorrisos, a diferença é que, o velinho, por vezes retribui com olhos encharcados.

13 janeiro 2010

É pra responder ao "Tudo bem?"

Se eu tivesse crescido em um ambiente no qual a resposta para um "oi" fosse "tudo bem?", certamente eu não estranharia. Mas vim de um lugar onde, na maioria das vezes, o andar na rua é tranquilo, sem pressa; e ao encontrar um amigo, ambos param, dão-se um abraço ou beijinhos e dizem seus ois e tudo bens e aguardam uma resposta!
Logo que cheguei na tal cidade grande e fiz uns conhecidos, ao topar com eles, passei a dar "oi", obtendo como resposta o tal "tudo bem?". Ok, seria simpático se tu realmente quisesse saber como estou, mas parece não ser esse o intento. Se eu quisesse responder, teria que ser gritando para me fazer ouvir.
Em uma das vezes em que isso aconteceu, eu rapidinho, antes que o guri virasse as costas, respondi: "Não!". Ele me olhou com cara de espanto: nunca ninguém responde a essa saudação, menos ainda para dizer um "não"... Aí eu disse que, na verdade, eu estava ótima, aquilo foi apenas para ele pensar um pouquinho a respeito disso.
Ta, tudo bem. Essa tal saudação pode ter denotação simpática, afinal, é bem melhor responder isso que simplesmente não dizer nada. Mas que eu estranhei, ah, estranhei!

10 janeiro 2010

Vocabulário frederiquense

Devido a várias "falhas na comunicação" e embaraços, decidi criar um pequeno glossário com os termos frederiquenses (usados também em outros interiores).
Peço que os porto alegrenses que conversaram comigo aqui se manifestem se teve algum termo que não foi compreendido, e peço ao pessoal do interior que lê o blog para que poste mais, afinal, não lembro de tudo, ^^.

Bichado: estragado, ruim, estranho.
- É que meu computador ta todo bichado! (não funcionando como deveria)
- Não vou comer xis, meu estômago ta bichado.
- Sei lá, tou com o coração meio bichado. (sofrido, dolorido, amargurado)
- Desculpa não ir na tua casa hoje, é que hoje tou toda bichada. (não boa companhia, talvez por estar cansada, entediada, doente...)

Cheba (derivações: chebenta, chebolenta): maltrapilho, mal vestido, humilde/pobre; pivete.
- Tu apareceu justamente hoje que estou toda cheba (chebenta/chebolenta)! (vestida sem muito glamour)
- Quem riscou o carro? Só pode que foram aqueles chebinhas filhos da p*! (meninos de rua, moleques)
- Olha os nossos colegas catando garrafa pet no lixo pro trabalho de artes! Mas são uns chebas, mesmo, rsrs...!

Cueca: homem, cara.
- Eu fui na festa pensando que ia encontrar umas gurias, mas só tinha cueca!
- Ah, isso aqui é muito pesado, manda os cuecas carregarem!


Pussuca: pedichão, aproveitador do dinheiro dos amigos; entrar na festa sem convite.
- Vivo pussucando a comida das minhas colegas nos intervalos da aula. (pegando sem ter ajudado a pagar)
- Ai, lá vem ele pussucar minha Coca...
- Entrei na festa de pussuca! (sem ter sido convidado)

Pedir = perguntar
Sim! Pedir tem a mesma significância de perguntar! Veja:
- Pede pra tua mãe se tu pode posar lá em casa!
- Vou pedir pro professor quando vai ser a prova.
- O preço das batatinhas? Vamos pedir pra aquele carinha ali!
- Que horas são? Pede praquele guri ali do teu lado, ele tem relógio!
- O cara da loja ficou ofendido porque pedi se aqueles DVDs eram originais.

Quaiar: dar muita risada
- Saí de lá me quaiando de rir.


Ruga: taturana, lagarta.
- Meu braço está ardendo, acho que encostei numa ruga.

O que as pessoas comemoram no Natal?













(Um post com o assunto meio atrasado, não tive acesso à internet nos dias próximos ao Natal).

O Natal se apoxima, o comércio ferve. Algumas pessoal trocam presentes, fazem a ceia... Muitas, quase toda população, deseja Feliz Natal! a alguém.
Mas e aí?
O que quer dizer "Feliz Natal!"?
O que as pessoas comemoram nessa data?
Uma data para torrar dinheiro, viajar? Simples férias?

A presença do Menino Jesus é esquecida por muitos!
Ele não é o motivo da festa, por alguns chega a nem ser lembrado!

Sabe o que eu dizia às pessoas que eu cumprimentava?
"Um feliz Natal com a presença de Cristo".
Sim, é uma frase ousada para se dizer. Talvez alguns dos que ouviram ficaram pensando "que estranha essa menina!", mas tento fazer minha parte.
Que tal aderir?
Sugiro às pessoas que querem trazer à tona a lembrança do Cristo: digam seus "Feliz Natal" complementando essa frase com termos que remetam ao Menino.
Vamos lembrar ao mundo o que (Quem) se comemora nessa data!