07 novembro 2009

Não é extraordinário o mundo das amizades?


Construir uma amizade com alguém que não mora perto de ti é um tanto doloroso: tu não vais encontrar teu amigo a toda hora, sem contar o fato de tu não ser a única pessoa na vida dele e nem ele ser a única na tua, sempre há interferências, os momentos de estar a sós são muito raros.
Aí, vem a notícia: um de vocês está saindo da cidade. Bem, ninguém deixa de estudar fora por causa de uma amizade, mas que dói a separação e a ausência, ah! dói!
O tempo vai passando, o contato que já era raro diminui mais e mais. As longas conversas por MSN restringem-se a recadinhos no Orkut. Mas não é por não gostar mais do outro, é por falta de tempo (o mundo universitário provoca essas coisas...) ou por falta de jeito, não saber lidar com isso: tu não sabes mais da vida da outra pessoa e ela também não sabe da tua; se tu quiseres contar uma novidade, vais ter que escrever todo o contexto, não adiantará apenas dar uma “manchete”. E aí, o que fazer? Escrever um diário a cada vez que conversar online com ela? Tirar alguns dias do mês pra escrever contando um mundo de coisas? Dar só o tópico principal, deixando teu amigo com uma visão precipitada ou errônea, ou simplesmente incompleta?
É, contar as coisas da tua vida como se fazia antes não é possível. Ficamos nos recadinhos. E como é emocionante receber esses recados! Perceber que o jeitinho do teu amigo continua o mesmo, aquele jeitinho de escrever que é único dele! Perceber que ele ainda te trata como uma pessoa muito querida, que você ainda é importante na vida dele bem como ele continua sendo na tua. Notar que a saudade é de ambas as partes! Saber que o amigo distante e agora ainda-mais-distante continua muito próximo em pensamento e coração!

04 novembro 2009

A universitária X a agricultora



Sábado. Acordei cedinho, tomei café, estudei e fui correr na Redenção.
*Acordar por conta própria pra fazer algo que se gosta, não às 5 da manhã para colher verduras e flores; não ter uma grande casa pra organizar*.
Voltei, tomei banho, liguei o rádio, fiz meu almoço.
*Sem mais atrapalhar a escolha radiática feita por outra pessoa*.
Fui até o quarto da Beta, esperamos o Sandro e fomos pra casa do Gui.
*Não mais solidão, ou não mais a espera de uma carona pra ir até a cidade participar do CLJ*.
Chegamos lá, conheci a família do Gui. Fomos no mercado, compramos um monte de porcaria pra comer, locamos os filmes.
*Companhias legais; poder pegar um ônibus e ir até onde eu quiser, sem depender de outros; comprar doce no mercado, ver filmes com amigos*.
Assistimos, conversamos, assistimos, rimos, assistimos, comemos, assistimos...
No dia seguinte, mais filmes.
Almoço em família.
*Um almoço tranquilo, sem o estresse que assombra os domingos na zona rural, onde mesmo sendo domingo, é dia útil: as vacas, porcos e galinhas não tiram o dia pra descansar, a horta não deixa de pedir água*.
Pegamos o ônibus, voltamos pra casa, Beta, Gui e eu fomos na feira do livro.
*Uma feira imensa; poder compra livros em outras línguas*.
No dia seguinte, segunda-feira, feriado.
Acordar cedinho, estudar, correr.
*Não precisar ir na horta, no galinheiro, na estrebaria, sei-lá-aonde*.
Almoçar, conversar com algum vizinho, estudar, (...).
*Não precisar esperar ansiosamente algum contato no MSN (com internet discada...), a vizinhança está toda ali, é só dar uns passos. Solidão? Nem pensar!*.
Cotidiano diferente?
Muito!
Estou mais feliz agora?
Sim e não...
Sim por mim, mas não pela família que ficou no interior. Eles continuam madrugando - e não é pra ir praticar um esporte ou pra estudar, é pra pegar no pesado mesmo!, continuam a trabalhar sob o sol escaldante, sem sábado, domingo ou feriado, sem ficar embaixo de edredons quando chove ou comendo sorvete quando o sol está muito quente.
Meu tempo é tomado por coisas prazerosas, lá o tempo é tomado por labutas.
Ah, se eu pudesse apaziguar a lida do agricultor! Se eu pudesse diminuir o calor do sol, regularizar as chuvas, fazer as vacas não escaparem pro terreno do vizinho, fazer as plantas todas vingarem...
Santos agricultores! Vocês merecem o céu!
E ainda apóiam (nem todos, claro) os filhos pra estudarem fora, sendo que isso consiquencia numa mão-de-obra a menos pra vocês!

Ahh, pai, mãe e Cássio, meu querido irmão! Obrigada por tudo!
E que vossas façanhas sirvam de exemplo a toda terra!